domingo, 7 de março de 2010

PIANOFORTE

PIANOFORTE
Em 1709, o fabricante de instrumentos florentino, Bartolomeo Cristofori, atingiu um objetivo significante - cravo com martelos. Cristofori deu a esse instrumento a forma de um grande cravo e o chamou de gravicembalo col piano e forte (cravo com piano e forte). Começou, assim, a era do piano. A invenção de Cristofori de um mecanismo de escapamento para o seu novo cravo com martelos trouxe uma grande transformação aos instrumentos de teclado. Em 1720, Cristofori aperfeiçoou a ação deste mecanismo e também o equipou com um sistema de deslocamento; mas parece que em sua época, sua invenção não atraiu muita atenção e a produção do novo instrumento foi limitada. O novo cravo com martelos estreou na corte da Saxônia, onde dois instrumentos feitos por Gottfried Silbermann, em1726, chamaram a atenção de J. S. Bach. Ajudado por Bach, Silbermann construiu um instrumento com sonoridade igual em toda a extensão das cordas e foi o primeiro a explorar as possibilidades comerciais do instrumento. Em 1789, o fabricante de pianos German Johann Stein usou um pedal para suspender os abafadores (sostenuto). Cristofori fabricou ao todo mais de vinte pianos e nos seus últimos modelos já se encontram quase todos os elementos do piano moderno, tanto no de cauda como no vertical. São eles:
1. Cordas feitas de aço
2. Mecanismo produtor de som (ação): teclado e martelos
3. Chapa de ferro na qual estão esticadas as cordas
4. Cavaletes que transmitem as vibrações das cordas à tábua de harmonia, cuja ressonância amplia e enriquece a sonoridade
5. Móvel, que abarca todas as peças acima relacionadas
6. Pedais

Existem ainda outros pontos importantes como o escape, que consiste no mecanismo que permite ao martelo desobstruir a corda imediatamente após esta ter sido atingida, fazendo com que suas vibrações não sejam interrompidas. Em 1821, Sébastien Érard inventou o duplo escape, que consiste em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-la sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. Esse mecanismo tornou possível o toque de notas repetidas. Algumas experiências foram realizadas com o objetivo de estabelecer especificações para o piano, como por exemplo, um cravo vertical que, suprido com martelos, em cerca de 1740, surgiu como o piano vertical. No entanto, o piano vertical, tal como o conhecemos hoje, foi introduzido por volta de 1800, que se tornou popular devido ao menor preço e maior facilidade de locomoção. Fábricas de piano surgiram simultaneamente na Alemanha e Inglaterra, sendo que os franceses resistiram um pouco ao novo instrumento. Em 1779, foi fundada a fábrica de pianos Erard, que foi a primeira a fabricar pianos com pedal em Paris. O alemão Ignace Pleyel (1757-1831), que possuía uma editora de música em Paris, começou a fabricar pianos em 1809 dando início a uma competição com a fábrica Erard.
Embora o piano tenha sido inventado por um italiano, foram os fabricantes alemães que levaram adiante a idéia desse instrumento. Dentre estes, pode-se citar: Gottfried Silbermann, fabricante também de órgãos, clavicórdios e cravos; seu aluno, Johann Zumpe e Andréas Stein, de Viena.
Durante a segunda metade do séc. XVIII formaram-se duas principais escolas de fabricantes de pianos, que usavam em seus instrumentos tipos diferentes de mecanismos. Estes ficaram conhecidos como mecanismo inglês e mecanismo vienense ou alemão.
No piano provido com o mecanismo vienense, o teclado era leve e tanto as notas agudas como as graves eram bem equilibradas. A batida dos martelos, cobertos de couro fino e, em geral, ocos, estavam em perfeito acordo com a tensão das cordas, fazendo com que o som das notas fosse bem sustentado e produzindo, ao mesmo tempo, uma sonoridade muito límpida, que era ideal para as tessituras transparentes e luminosas das obras de piano da época anterior a Beethoven. Mozart ficou encantado com os pianos de Stein, munidos desse mecanismo.
Num piano de mecanismo inglês, o teclado é mais pesado e a tecla vai mais fundo. A encordoadura é inteiramente igual, ou seja, formada de três cordas para cada nota. O som das notas graves é rico e cheio, apresentando assim, o risco de sobrepor-se ao das agudas, que era um tanto fraco. Os músicos da época tendiam a achar melhor o mecanismo vienense. No entanto, o inglês estava numa fase de transição, ainda sem as melhorias que viriam com o tempo, muitas das quais devidas ao famoso fabricante inglês, John Brodwood. O mecanismo inglês pode, portanto, ser considerado o pai daquele que é usado nos pianos modernos.
O progresso do piano durante o séc. XIX se deve principalmente a duas importantes melhorias feitas nele: o acréscimo de notas extras e o aperfeiçoamento da chapa. Os martelos, então maiores, passaram a ter revestimento de feltro grosso e não mais de couro, e a chapa, antes de madeira, passou a ser fabricada com ferro fundido, o que permitia imprimir maior tensão às cordas, agora mais grossas, a fim de satisfazer a exigência de sonoridades cada vez mais brilhantes e volumes cada vez mais poderosos.
Estão relacionados abaixo alguns dos elementos-chave no aperfeiçoamento do piano durante o período que vai do final do séc. XVIII até a metade do séc. XIX:
o 1783 – O pedal é introduzido por Broadwod, de Londres.
o 1794 – Broadwood aumenta a extensão do teclado de cinco oitavas e meia para seis.
o c. 1804 – A extensão é aumentada para seis oitavas e meia nos pianos de cauda.
o 1808- Broadwood procura usar barras de tração feitas de ferro, pretendendo dar maior resistência à armação de madeira.
o 1821 – Érard, de Paris, inventa o mecanismo de repetição ou o duplo escape.
o c. 1823 – Em alguns pianos, a extensão é aumentada para sete oitavas, a que se tornou usual em todos os pianos – de cauda e vertical – fabricados após 1840.
o 1825 – A primeira chapa de ferro, fundida numa peça única, é feita por Babcock, dos Estados Unidos.
o 1826 – Os martelos de feltro são patenteados por Jean Henri Pape, de Paris.
o 1828 – Pape introduz o sistema de cordas cruzadas: um grande número de cordas, postas em nível mais alto, passa diagonalmente por cima de uma quantidade de outras. Isto tinha em vista aumentar a ressonância, distribuir mais uniformemente a tensão das cordas e possibilitar a acomodação daquelas mais compridas num espaço menor.
o 1850 – Heinrich Steinweg emigra da Alemanha para os Estados unidos e se estabelece em Nova York, onde troca o nome para Henry Steinway e funda a maior firma americana de pianos.
o c. 1850 – A extensão em alguns pianos é aumentada para sete oitavas e um quarto. Esta, a partir de 1890, se tornou a usual e é a extensão máxima dos teclados, embora alguns pianos da firma austríaca Bösendorfer tenham teclados com oito oitavas.

Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano, já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do séc. XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.

No Brasil, atualmente, a única indústria em atividade é a Pianofatura Paulista S. A., responsável pela fabricação da marca Fritz Dobbert, lançada entre 1956 e 1964. Até 1971, produzia também pianos das marcas Halben, Meister e Lorely. É, ainda, a responsável pela importação dos produtos da marca japonesa Kawai, que foi fundada em 1927.

No séc. XX o cravo e o clavicórdio ganharam prestígio novamente. Graças à pianista Wanda Landowska (1877-1959), o cravo e o clavicórdio não são mais considerados instrumentos antiquados. Ao contrário, estão sendo fabricados em número crescente tanto por europeus quanto por americanos; Challis, Dolmetsch, Mendler-Scharm, Merzdorf , Neupert, Pleyel, Sperrhake e Wittmayer estão entre os mais proeminentes.
Compositores contemporâneos têm dedicado talento e tempo considerável escrevendo especialmente para teclado. O séc. XX ajudou a aumentar o interesse e a atividade em performance e composição para teclado.

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