domingo, 7 de março de 2010

CRAVO

CRAVO
Teve posição de destaque na música do séc. XVIII e ainda hoje não é considerado um instrumento obsoleto. A história do cravo pode ser traçada, pelo menos, a partir da Idade Média, quando o saltério, um instrumento de cordas similar à cítara moderna, surgiu em variadas formas; as cordas eram puxadas pelos dedos. Era relativamente simples ajustar um teclado ao saltério e suprir cada tecla com um sistema de tangentes. Já no séc. XV o cravo ultrapassou o estágio experimental e se tornou de uso comum. Por volta de 1440, o astrônomo da Corte da Burgúndia, Henri Arnault de Zwolle, descreveu e desenhou um grande clavicymbalum (cravo). Em seu manuscrito, Aranult explica diversos métodos de tanger as cordas e indica que tipo de pena era usado. Até 1500, um segundo grupo de cordas foi adicionado ao cravo e, algum tempo antes de 1579 um grupo de cordas de 1,20m (que soava uma 8ª acima da nota pressionada) foi incluído em alguns instrumentos. A extensão, originalmente limitada a umas vinte notas, foi aumentada em direção à região mais grave. A aparência externa foi transformada de sua forma retangular para o contorno de uma harpa horizontal ou uma asa. De fato, os alemães adotaram a palavra Flügel (asa) para designar o cravo. Por uma maior comodidade de execução, o instrumento foi montado sobre quatro pernas, tornando-se também um objeto decorativo, com suas pinturas em verniz. Assim aperfeiçoado, o cravo estava pronto para se impor perante a sociedade. Durante o séc. XVII, ele competiu, com sucesso, com o alaúde, que por muito tempo tinha sido o instrumento favorito em vários países europeus. O cravo rapidamente dominou o cenário musical em toda Europa. Influenciou a composição musical e produziu grandes músicos. Durante os sécs. XVII e XVIII o cravo se manteve em primeiro lugar entre os instrumentos musicais. Fora o seu papel de instrumento virtuoso, era indispensável como acompanhador: era ouvido na igreja, como suporte para o coro; era visto nos salões, onde acompanhava sonatas e tinha papel importante em outras músicas de câmara; e era encontrado em orquestras como parte integrante do aparato orquestral. Uma razão importante da popularidade e desenvolvimento do cravo foi o fato de sua construção ter sido tão aperfeiçoada pela família Ruckers. Hans Ruckers, o primeiro construtor, começou a fazer cravos na Antuérpia por volta de 1579 e a firma da família continuou até depois de 1667. Antes do período dos Ruckers existiram exemplos isolados de cravos com dois teclados, registros para cordas de 1,20m e 2,40m, e chaves para juntar e manipular esses registros; mas foram os Ruckers que padronizaram o uso desses princípios e os aperfeiçoaram. Os cravos construídos pelos Ruckers foram considerados pelos músicos de sua época como possuidores do mais bonito som de todos os instrumentos existentes.
Um pedal em forma de teclado - semelhante ao pedal do órgão - era usado ocasionalmente com o cravo ou o clavicórdio. Alguns fabricantes ingleses substituíram os pedais por chaves manuais, facilitando, assim, a mudança de registros. Alguns instrumentos ingleses continham também um mecanismo denominado expansão veneziana, que permitia que a tampa do instrumento abrisse e fechasse, produzindo uma certa variação de dinâmica. Existiram outros tipos de instrumentos de cordas tangidas. A espineta era um cravo modesto, usualmente em uma caixa triangular ou pentagonal, com suas cordas esticadas até o ângulo agudo do teclado. Foi popular na Inglaterra até o final do séc. XVIII e seu som se aproxima mais ao do cravo que do virginal. O virginal era o instrumento preferido na Inglaterra durante o séc. XVI e início do séc. XVII e, na verdade, é uma modalidade simplificada do cravo; no final do século foi substituído por um tipo maior de cravo. Um pequeno instrumento retangular, o virginal tinha apenas um grupo de cordas de 2,40m, que eram esticadas paralelamente ao teclado e pinçadas de maneira semelhante às do cravo.

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