segunda-feira, 29 de março de 2010

MÚSICA PARA TECLADO NA ESPANHA E PORTUGAL NO SÉC. XVIII

PORTUGAL
A música portuguesa para teclado do séc. XVII era limitada em sua maioria para o órgão, sendo Manuel Rodrigues Coelho o compositor mais notável.
No séc. XVIII se destacou o compositor Antônio Carlos Seixas (1704-1742) que mostra influência de Scarlatti em suas sonatas e toccatas. No entanto, alguns de seus procedimentos harmônicos eram inusitados e provavelmente desconhecidos por Scarlatti.
Outro compositor foi João de Sousa Carvalho ( -1798) que, algumas vezes, era chamado de Mozart português por causa de seu estilo operístico. Muitas de suas obras denotam ter sido escritas durante o período de transição do cravo para o piano.
Além desses compositores, muito pouco se conhece sobre a música feita para teclado em Portugal durante os sécs. XVII e XVIII. Os registros históricos relatam concertos patrocinados pela corte real, freqüentemente com músicos estrangeiros, especialmente os italianos, que influenciaram os compositores nativos.

ESPANHA
A música espanhola para teclado oferece muito pouco se comparada à originalidade da escola virginalista inglesa, à elegância da escola cravista francesa ou à vitalidade da escola italiana. Na Espanha do séc. XVIII, a composição para o cravo era aparentemente apenas uma diversão para músicos que trabalhavam seriamente em outros campos da música. Além disso, a corte espanhola, diferentemente da realeza francesa, tratava seus músicos indiferentemente, algumas vezes os recompensando, e outras os ignorando. Como resultado, a música espanhola para teclado - particularmente a música para cravo - não é baseada em uma tradição bem estabelecida e progressiva.
A música espanhola quase não tem ornamentação e utiliza apenas a mais comum e simples harmonia.
A escola cravista espanhola, se assim pode ser chamada, recebeu ímpeto de três fontes: primeiro, a influência de Domenico Scarlatti, que passou praticamente toda sua carreira na Espanha; segundo, a técnica do violão; e o terceiro foi o nacionalismo ardente que permeia quase toda música secular espanhola.

Padre Antonio Soler (1729-1783) foi o compositor que mais se destacou na Espanha do séc. XVIII. Escreveu sonatas nos moldes das sonatas de Scarlatti.
Quando Soler morreu, em 1783, o modelo da sonata clássica já estava em voga na maioria dos países europeus. Os espanhóis, no entanto, mantinham a forma em um movimento e bipartida até aproximadamente a metade do séc. XIX.
Uma exceção foi Manuel Blasco de Nebra (1750-1784) que publicou sonatas em 2 movimentos: um adagio seguido por um allegro ou presto, que são obras de inspiração clássica.
Outros compositores:
Felix Máximo López (1742- ): contribuição significativa para a música espanhola com suas sonatas; Pe. Rafael Anglés (1731-1816); Pe. Felipe Rodriguez (1759-1814); Mateo Albeniz (1760-1831); Pe. José Galles (1761-1836).
Com a exceção de Soler, é duvidoso que esses compositores espanhóis tenham levado suas obras para teclado tão a sério.A maioria deles passou a vida a serviço da Igreja, escrevendo música sacra, para coral e órgão, e é fácil imaginar que suas composições para teclado tenham sido escritas apenas por diversão. Se foi assim, atingiram plenamente seu propósito.

MÚSICA INGLESA PARA TECLADO

MÚSICA INGLESA PARA TECLADO
Os compositores produziram muita música para instrumentos de teclado durante a segunda metade do séc. XVI, sendo que a Inglaterra foi o primeiro país a fazer distinção entre a música para órgão e a música para o cravo.
Uma das razões atribuídas à popularidade do virginal foi a imposição do protestantismo na Inglaterra, que abafou a música feita para igreja. A mudança do órgão para o virginal aconteceu naturalmente, visto que os órgãos utilizados pelos ingleses possuíam certa similaridade com o virginal, devido à sonoridade clara e suave, à falta de pedal e à ausência da pompa dos instrumentos utilizados pelos outros países europeus.
O virginal foi o instrumento favorito dos monarcas ingleses.
As mais importantes coleções para virginal:
1- My Lady Nevells Booke
2- Parthenia or the Maydenhead of the first musicke that ever was printed for the Virginals
3- Benjamin Cosyn's Virginal Book
4- Will Forster's Virginal Book
5- Parthenia In-Violata or Mayden-Musicke for the Virginalls and Bass-Viol
6- Dublin Virginal Book
7- Fitzwilliam Virginal Book (1620): a maior e mais importante coleção da época. Possui quase 300 peças de compositores representativos do período. Dentre esses, cita-se alguns nomes que contribuíram para o manuscrito:
1ª geração: William Byrd (1542-1623); Thomas Tallis (1505-1583); William Blitheman (? -1591).
2ª geração: Peter Philips (1555-1628); John Bull (1562-1628); Giles Farnaby (1560-1640).
3ª geração: Orlando Gibbons (1583-1625)

O nome se refere ao fato do manuscrito ter pertencido ao Lord Fitzwilliam até o final do séc. XVIII, sendo que agora se encontra no Museu Fitzwilliam (fundado em 1816) na Universidade de Cambridge.
Contém diversas formas: danças, fantasias, motetos, prelúdios, air, invenções contrapontísticas e cantos gregorianos. Além dos compositores citados, inclui peças dos compositores: Richard Farnaby, Robert Johnsons, Thomas Morley, John Munday, Martin Peerson, Ferdinando Richardson, William Tisdall, Thomas Tomkins, Francis Tregian e muitos outros.
As técnicas de composição utilizadas eram uma mistura das práticas antigas com novas formas de expressão. O tratamento imitativo, característico da música vocal renascentista, é encontrado em algumas peças contrapontísticas para virginal. O artifício mais marcante utilizado pelos compositores virginalistas era o método de embelezamento de linhas melódicas através do acréscimo de notas. Esse procedimento pode ser descrito como um tipo de variação instrumental em que o motivo original é tão encoberto por notas estranhas que se transforma completamente.

A ESCOLA VIRGINALISTA INGLESA
O nome mais marcante do séc. XVII é o de Henry Purcell (1658-1695). Embora seja mais lembrado por sua obra vocal e orquestral, delineou sua música para teclado com grande charme e simplicidade. Emprestou dos franceses sua ornamentação e a forma suite e dos italianos a força melódica. Sua obra para cravo consiste, principalmente de suites e lessons.
Suas suítes são compostas de pequenas peças, com texturas simples e harmonia padronizada. Utiliza vários tipos de ornamentos. A peça mais conhecida é Trumpet tune, em Re Maior, que se baseia em apenas dois acordes.
Outros compositores que se destacaram: John Blow (1649-1708), que foi professor de Purcell e J.Clarke, William Croft (1678-1727) e Jeremiah Clarke (1673-1707).
Até o início do séc. XVIII a música inglesa manteve suas características individuais, sendo influenciada, a partir dessa época por compositores estrangeiros como Charles Dieupart, Christoph Schmid e Handel.
Além das obras de Purcell, a música para teclado do período de 1650-1750 parece em desacordo com os acontecimentos precedentes quando comparado à música deixada pela escola virginalista que o precedeu. Até pelo meio do séc. XVIII já não havia mais uma verdadeira escola de composição inglesa para teclado. E só foi no final do séc. XIX que os compositores ingleses reviveram seu interesse pela música para teclado.

segunda-feira, 22 de março de 2010

MÚSICA BARROCA ITALIANA

MÚSICA BARROCA ITALIANA

Um grupo de compositores que trabalhava em Nápoles, no final do séc. XVI e início do séc. XVII, escrevia música cujas características anunciavam o barroco italiano. Três nomes desse grupo devem ser destacados: Giovanni Maria Trabaci (ca. 1580-1647): publicou duas coleções de música para teclado, que continham ricercares, canzonas, capriccios, partitas e galliards. As partitas e galliards eram bastante apropriadas para o cravo. Antonio Valente (ca. 1520-ca. 1580): também publicou duas coleções. A primeira (1575) contendo ricercares, fantasias e canzonas escritas à maneira da tablatura espanhola; a segunda (1580) apresentando um tipo de partita. Ercole Pasquini (ca.1580-1614): apenas 30 de suas composições foram descobertas, mas foram suficientes para estabelecê-lo como um importante predecessor de Frescobaldi. Suas obras incluem toccatas e os primeiros exemplos de canzone com variações.
Girolamo Frescobaldi (1583-1643) foi a figura mais proeminente do período. Sua música é marcada por um acentuado uso de cromatismo, impressionantes colorações sonoras e modulações que antecipavam a futura importância da tonalidade. Seu contraponto é quase sempre severo e existe um certo nervosismo em muitas de suas músicas, devido ao uso de temas curtos, síncopes e ritmos cruzados. Incorporava, com freqüência, um grande uso de figuras suspensas e recomendava o uso de rubato na performance.
Embora muitas músicas de Frescobaldi sejam indicadas para "cembalo et organo", ele deve ser considerado como a base da escola cravista do séc. XVII. Suas composições para cravo incluem diversos tipos de peças. São encontradas danças, como: corrente, galliarda, balleto e passacaglia, que geralmente apresentam fortes progressões harmônicas sobre delicado contraponto. Suas toccatas são estruturadas como as de Merulo, mas são mais cromáticas, utilizando um maior contraste entre duas seções. As seções imitativas freqüentemente são curtas com temas fragmentados. Existe um uso deliberado de invenções virtuosísticas nas seções livres. As partitas são variações, apresentando ritmos e texturas polifônicas contrastantes, com peças em estilo fugato usando contraponto com um número fixo de vozes que apresentam várias idéias.
A influência de Frescobaldi pode ser traçada através de seu aluno Johann Froberger até chegar no ponto culminante do barroco, que aconteceu na Alemanha.
Embora os outros compositores italianos do séc. XVII não tenham alcançado a projeção de Frescobaldi, muitos deles contribuíram significativamente para a música da época. Michelangelo Rossi (1600-1674) foi aluno de Frescobaldi e o imitou na maioria de suas toccatas. Alessandro Poglietti ( -1683) foi um músico italiano que se tornou organista da corte de Viena (1661-83). Bernardo Pasquini (1637-1710) escreveu toccatas virtuosísticas em um estilo vigoroso. Foi um dos primeiros músicos a escrever para dois cravos. Suas peças foram publicadas em Paris, numa coleção intitulada Toccates et suites pour le clavecin de MM. Pasquini, Poglietti et Gaspard Kerle (1704). Alessandro Scarlatti (1660-1725) é especialmente importante por suas óperas, cantatas e oratórios, sendo considerado o pai da escola napolitana de compositores de ópera. Seu estilo mostra um desenvolvimento temático, equilíbrio de frases melódicas e harmonia cromática - todas traçadas em uma textura suave e flexível que prenunciavam a música de Mozart e de outros compositores clássicos vienenses. Azzolino Bernardino Della Ciaja (1671-1755) foi um dos primeiros compositores italianos a enfocar a sonata. Suas peças são altamente ornamentadas e incorporam muitos procedimentos técnicos utilizados mais tarde por Domenico Scarlatti. Domenico Zipoli (1688-1726) foi organista da igreja jesuíta de Roma. Chamou suas peças de Sonatas, mas na realidade eram Suites. Domenico Alberti (1710-1740) escreveu cerca de 36 Sonatas. Seu nome está ligado ao procedimento de acompanhamento com acordes quebrados, que foi usado durante o período clássico, algumas vezes com habilidade, e outras resultando em tédio. Pelo fato de ter utilizado esse procedimento não significa que foi quem o inventou.

domingo, 7 de março de 2010

PIANOFORTE

PIANOFORTE
Em 1709, o fabricante de instrumentos florentino, Bartolomeo Cristofori, atingiu um objetivo significante - cravo com martelos. Cristofori deu a esse instrumento a forma de um grande cravo e o chamou de gravicembalo col piano e forte (cravo com piano e forte). Começou, assim, a era do piano. A invenção de Cristofori de um mecanismo de escapamento para o seu novo cravo com martelos trouxe uma grande transformação aos instrumentos de teclado. Em 1720, Cristofori aperfeiçoou a ação deste mecanismo e também o equipou com um sistema de deslocamento; mas parece que em sua época, sua invenção não atraiu muita atenção e a produção do novo instrumento foi limitada. O novo cravo com martelos estreou na corte da Saxônia, onde dois instrumentos feitos por Gottfried Silbermann, em1726, chamaram a atenção de J. S. Bach. Ajudado por Bach, Silbermann construiu um instrumento com sonoridade igual em toda a extensão das cordas e foi o primeiro a explorar as possibilidades comerciais do instrumento. Em 1789, o fabricante de pianos German Johann Stein usou um pedal para suspender os abafadores (sostenuto). Cristofori fabricou ao todo mais de vinte pianos e nos seus últimos modelos já se encontram quase todos os elementos do piano moderno, tanto no de cauda como no vertical. São eles:
1. Cordas feitas de aço
2. Mecanismo produtor de som (ação): teclado e martelos
3. Chapa de ferro na qual estão esticadas as cordas
4. Cavaletes que transmitem as vibrações das cordas à tábua de harmonia, cuja ressonância amplia e enriquece a sonoridade
5. Móvel, que abarca todas as peças acima relacionadas
6. Pedais

Existem ainda outros pontos importantes como o escape, que consiste no mecanismo que permite ao martelo desobstruir a corda imediatamente após esta ter sido atingida, fazendo com que suas vibrações não sejam interrompidas. Em 1821, Sébastien Érard inventou o duplo escape, que consiste em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-la sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. Esse mecanismo tornou possível o toque de notas repetidas. Algumas experiências foram realizadas com o objetivo de estabelecer especificações para o piano, como por exemplo, um cravo vertical que, suprido com martelos, em cerca de 1740, surgiu como o piano vertical. No entanto, o piano vertical, tal como o conhecemos hoje, foi introduzido por volta de 1800, que se tornou popular devido ao menor preço e maior facilidade de locomoção. Fábricas de piano surgiram simultaneamente na Alemanha e Inglaterra, sendo que os franceses resistiram um pouco ao novo instrumento. Em 1779, foi fundada a fábrica de pianos Erard, que foi a primeira a fabricar pianos com pedal em Paris. O alemão Ignace Pleyel (1757-1831), que possuía uma editora de música em Paris, começou a fabricar pianos em 1809 dando início a uma competição com a fábrica Erard.
Embora o piano tenha sido inventado por um italiano, foram os fabricantes alemães que levaram adiante a idéia desse instrumento. Dentre estes, pode-se citar: Gottfried Silbermann, fabricante também de órgãos, clavicórdios e cravos; seu aluno, Johann Zumpe e Andréas Stein, de Viena.
Durante a segunda metade do séc. XVIII formaram-se duas principais escolas de fabricantes de pianos, que usavam em seus instrumentos tipos diferentes de mecanismos. Estes ficaram conhecidos como mecanismo inglês e mecanismo vienense ou alemão.
No piano provido com o mecanismo vienense, o teclado era leve e tanto as notas agudas como as graves eram bem equilibradas. A batida dos martelos, cobertos de couro fino e, em geral, ocos, estavam em perfeito acordo com a tensão das cordas, fazendo com que o som das notas fosse bem sustentado e produzindo, ao mesmo tempo, uma sonoridade muito límpida, que era ideal para as tessituras transparentes e luminosas das obras de piano da época anterior a Beethoven. Mozart ficou encantado com os pianos de Stein, munidos desse mecanismo.
Num piano de mecanismo inglês, o teclado é mais pesado e a tecla vai mais fundo. A encordoadura é inteiramente igual, ou seja, formada de três cordas para cada nota. O som das notas graves é rico e cheio, apresentando assim, o risco de sobrepor-se ao das agudas, que era um tanto fraco. Os músicos da época tendiam a achar melhor o mecanismo vienense. No entanto, o inglês estava numa fase de transição, ainda sem as melhorias que viriam com o tempo, muitas das quais devidas ao famoso fabricante inglês, John Brodwood. O mecanismo inglês pode, portanto, ser considerado o pai daquele que é usado nos pianos modernos.
O progresso do piano durante o séc. XIX se deve principalmente a duas importantes melhorias feitas nele: o acréscimo de notas extras e o aperfeiçoamento da chapa. Os martelos, então maiores, passaram a ter revestimento de feltro grosso e não mais de couro, e a chapa, antes de madeira, passou a ser fabricada com ferro fundido, o que permitia imprimir maior tensão às cordas, agora mais grossas, a fim de satisfazer a exigência de sonoridades cada vez mais brilhantes e volumes cada vez mais poderosos.
Estão relacionados abaixo alguns dos elementos-chave no aperfeiçoamento do piano durante o período que vai do final do séc. XVIII até a metade do séc. XIX:
o 1783 – O pedal é introduzido por Broadwod, de Londres.
o 1794 – Broadwood aumenta a extensão do teclado de cinco oitavas e meia para seis.
o c. 1804 – A extensão é aumentada para seis oitavas e meia nos pianos de cauda.
o 1808- Broadwood procura usar barras de tração feitas de ferro, pretendendo dar maior resistência à armação de madeira.
o 1821 – Érard, de Paris, inventa o mecanismo de repetição ou o duplo escape.
o c. 1823 – Em alguns pianos, a extensão é aumentada para sete oitavas, a que se tornou usual em todos os pianos – de cauda e vertical – fabricados após 1840.
o 1825 – A primeira chapa de ferro, fundida numa peça única, é feita por Babcock, dos Estados Unidos.
o 1826 – Os martelos de feltro são patenteados por Jean Henri Pape, de Paris.
o 1828 – Pape introduz o sistema de cordas cruzadas: um grande número de cordas, postas em nível mais alto, passa diagonalmente por cima de uma quantidade de outras. Isto tinha em vista aumentar a ressonância, distribuir mais uniformemente a tensão das cordas e possibilitar a acomodação daquelas mais compridas num espaço menor.
o 1850 – Heinrich Steinweg emigra da Alemanha para os Estados unidos e se estabelece em Nova York, onde troca o nome para Henry Steinway e funda a maior firma americana de pianos.
o c. 1850 – A extensão em alguns pianos é aumentada para sete oitavas e um quarto. Esta, a partir de 1890, se tornou a usual e é a extensão máxima dos teclados, embora alguns pianos da firma austríaca Bösendorfer tenham teclados com oito oitavas.

Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano, já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do séc. XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.

No Brasil, atualmente, a única indústria em atividade é a Pianofatura Paulista S. A., responsável pela fabricação da marca Fritz Dobbert, lançada entre 1956 e 1964. Até 1971, produzia também pianos das marcas Halben, Meister e Lorely. É, ainda, a responsável pela importação dos produtos da marca japonesa Kawai, que foi fundada em 1927.

No séc. XX o cravo e o clavicórdio ganharam prestígio novamente. Graças à pianista Wanda Landowska (1877-1959), o cravo e o clavicórdio não são mais considerados instrumentos antiquados. Ao contrário, estão sendo fabricados em número crescente tanto por europeus quanto por americanos; Challis, Dolmetsch, Mendler-Scharm, Merzdorf , Neupert, Pleyel, Sperrhake e Wittmayer estão entre os mais proeminentes.
Compositores contemporâneos têm dedicado talento e tempo considerável escrevendo especialmente para teclado. O séc. XX ajudou a aumentar o interesse e a atividade em performance e composição para teclado.

CRAVO

CRAVO
Teve posição de destaque na música do séc. XVIII e ainda hoje não é considerado um instrumento obsoleto. A história do cravo pode ser traçada, pelo menos, a partir da Idade Média, quando o saltério, um instrumento de cordas similar à cítara moderna, surgiu em variadas formas; as cordas eram puxadas pelos dedos. Era relativamente simples ajustar um teclado ao saltério e suprir cada tecla com um sistema de tangentes. Já no séc. XV o cravo ultrapassou o estágio experimental e se tornou de uso comum. Por volta de 1440, o astrônomo da Corte da Burgúndia, Henri Arnault de Zwolle, descreveu e desenhou um grande clavicymbalum (cravo). Em seu manuscrito, Aranult explica diversos métodos de tanger as cordas e indica que tipo de pena era usado. Até 1500, um segundo grupo de cordas foi adicionado ao cravo e, algum tempo antes de 1579 um grupo de cordas de 1,20m (que soava uma 8ª acima da nota pressionada) foi incluído em alguns instrumentos. A extensão, originalmente limitada a umas vinte notas, foi aumentada em direção à região mais grave. A aparência externa foi transformada de sua forma retangular para o contorno de uma harpa horizontal ou uma asa. De fato, os alemães adotaram a palavra Flügel (asa) para designar o cravo. Por uma maior comodidade de execução, o instrumento foi montado sobre quatro pernas, tornando-se também um objeto decorativo, com suas pinturas em verniz. Assim aperfeiçoado, o cravo estava pronto para se impor perante a sociedade. Durante o séc. XVII, ele competiu, com sucesso, com o alaúde, que por muito tempo tinha sido o instrumento favorito em vários países europeus. O cravo rapidamente dominou o cenário musical em toda Europa. Influenciou a composição musical e produziu grandes músicos. Durante os sécs. XVII e XVIII o cravo se manteve em primeiro lugar entre os instrumentos musicais. Fora o seu papel de instrumento virtuoso, era indispensável como acompanhador: era ouvido na igreja, como suporte para o coro; era visto nos salões, onde acompanhava sonatas e tinha papel importante em outras músicas de câmara; e era encontrado em orquestras como parte integrante do aparato orquestral. Uma razão importante da popularidade e desenvolvimento do cravo foi o fato de sua construção ter sido tão aperfeiçoada pela família Ruckers. Hans Ruckers, o primeiro construtor, começou a fazer cravos na Antuérpia por volta de 1579 e a firma da família continuou até depois de 1667. Antes do período dos Ruckers existiram exemplos isolados de cravos com dois teclados, registros para cordas de 1,20m e 2,40m, e chaves para juntar e manipular esses registros; mas foram os Ruckers que padronizaram o uso desses princípios e os aperfeiçoaram. Os cravos construídos pelos Ruckers foram considerados pelos músicos de sua época como possuidores do mais bonito som de todos os instrumentos existentes.
Um pedal em forma de teclado - semelhante ao pedal do órgão - era usado ocasionalmente com o cravo ou o clavicórdio. Alguns fabricantes ingleses substituíram os pedais por chaves manuais, facilitando, assim, a mudança de registros. Alguns instrumentos ingleses continham também um mecanismo denominado expansão veneziana, que permitia que a tampa do instrumento abrisse e fechasse, produzindo uma certa variação de dinâmica. Existiram outros tipos de instrumentos de cordas tangidas. A espineta era um cravo modesto, usualmente em uma caixa triangular ou pentagonal, com suas cordas esticadas até o ângulo agudo do teclado. Foi popular na Inglaterra até o final do séc. XVIII e seu som se aproxima mais ao do cravo que do virginal. O virginal era o instrumento preferido na Inglaterra durante o séc. XVI e início do séc. XVII e, na verdade, é uma modalidade simplificada do cravo; no final do século foi substituído por um tipo maior de cravo. Um pequeno instrumento retangular, o virginal tinha apenas um grupo de cordas de 2,40m, que eram esticadas paralelamente ao teclado e pinçadas de maneira semelhante às do cravo.

CLAVICÓRDIO

CLAVICÓRDIO
É o mais antigo dos instrumentos de teclado sobre o qual existem informações acessíveis. Seus precursores foram o monocórdio e o dulcimer. Por volta do séc. XI ou XII um instrumento de cordas foi preparado com uma fileira de teclas. Cada corda possuía uma tangente de metal em sua ponta; quando uma tecla era pressionada, sua tangente produzia um som delicado capaz de uma pequena variação de dinâmica. Uma corda podia ser usada por várias teclas, ou seja, várias tangentes percutindo uma mesma corda em diferentes lugares. Entre os primeiros clavicordistas estão Pierre Beurse, no final do séc. XV, e Henry Bredemers (1472-1522), um professor flamenco. O chamado clavicórdio friccionado - uma corda para diversas teclas ou notas - foi satisfatório enquanto a música permaneceu simples. No séc. XVII, adquiriu sua forma clássica. O mecanismo foi colocado em uma caixa alongada de aproximadamente 1 metro de comprimento e 60 cm de largura. O som era produzido por meio de uma pequena tangente de metal fixada no final das teclas; estas tangentes percutiam gentilmente as cordas por baixo. Uma certa nuance de volume e expressividade era possível, mas apenas dentro de uma extensão limitada, pois sua sonoridade era fraca e delicada, correspondendo a pouco mais que um mf. Uma técnica peculiar a este instrumento era o Bebung ou tremolo, que produzia um vibrato sutil ou uma flutuação na afinação. O clavicórdio foi útil em toda a Europa Ocidental durante os sécs. XVI e XVII, mas parece ter saído de moda durante o séc. XVIII, exceto na Alemanha onde permaneceu como favorito até o final desse século.

INSTRUMENTOS DE TECLADO: ORIGENS E DESENVOLVIMENTO

ECHIQUIER
Apesar de não se ter informações precisas a seu respeito, algumas fontes literárias se referem a esse instrumento desde aproximadamente 1360, quando o Rei Eduardo III, da Inglaterra, exibiu um echequier feito por um certo Jehan Perrot.
Uma das poucas referências à construção do instrumento data do ano de 1388, quando o Rei John I de Aragon escreveu ao Duque da Burgundia, requisitando os serviços do intérprete Johan dels Orguens que era, de acordo com a carta, capaz de tocar o echiquier, um instrumento descrito como similar ao órgão, mas que soava por meio de cordas.
Alguns estudiosos consideram que o echiquier seja um tipo de clavicórdio com uma ação primitiva de martelos. Outros acreditam que seja um antecessor do cravo. Qualquer que seja o princípio de construção, é óbvio que instrumentos de teclado e cordas eram populares já no séc. XIV.
O nome echiquier, seja o que ele tenha sido, desapareceu das fontes literárias no final do séc. XV. As atenções, então, se voltaram para o clavicórdio.

sábado, 6 de março de 2010

PLANO DE CURSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS
Disciplina: Literatura e Repertório do Piano
Profª Gyovana Carneiro


PLANO DE CURSO

Curso: Música / Instrumentos Musicais – Piano
Disciplina: Literatura e Repertório do Piano I C.H.Semanal: 02 Código:
Professora: C.H.Semestral: 32 Ano:
EMENTA:
Conhecimento sistemático e apreciação da literatura e do repertório do piano nos diversos períodos da música ocidental. Repertório da música brasileira.
OBJETIVOS:
Conhecer, identificar e analisar obras representativas do repertório para piano, solo e em conjunto, abrangendo desde as primeiras composições para o instrumento até os dias de hoje.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Histórico: origens do piano, sua evolução e primeiros compositores / - Música para teclado até o séc. XVIII / - Música do Período Clássico / - Estudos e Exercícios / - Sonatinas
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
- Aulas expositivas
- Seminários
- Audição e execução do repertório analisado
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:
- Provas escritas / - Trabalhos escritos
- Seminários / - Exercícios em aula
- Participação em aula
BIBLIOGRAFIA e/ou DISCOGRAFIA:
BENNET, Roy. Instrumentos de teclado. Rio de Janeiro : Zahar, 1993.
FRISKIN, James; FREUNDLICH, Irwin. Music for piano. New York : Dover Publications, 1973.
GILLESPIE, John. Five centuries of keyboard music. New York : Dover Publications, 1965.
KIRBY, F. E. Music for piano: a short history. Portland / Oregon : Amadeus Press, 2000.
USZLER, Marienne; GORDON, Stewart; MACH, Elyse. The well-tempered keyboard teacher. New York : Schirmer Books, 1991.