segunda-feira, 5 de abril de 2010

Música Barroca Francesa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS
Disciplina: Literatura e Repertório do Piano
Profª Gyovana Carneiro


MÚSICA BARROCA FRANCESA

Na França, o mais popular instrumento da Renascença e do princípio do período Barroco foi o alaúde. Como os outros instrumentos barrocos, os alaúdes eram obras de arte altamente elaboradas. Os intérpretes do alaúde desenvolveram um estilo distinto de execução, que foi famoso por toda a Europa. Ornamentavam suas músicas adicionando notas, deslizando o dedo pela corda, depois que esta foi acionada, movimentando o dedo de um lado para outro, e de muitas outras maneiras sutis. Como a popularidade do alaúde começou a diminuir, o cravo se tornou mais e mais moderno. Era um instrumento adequado para ambientes pequenos e, como era um favorito da corte, era também um símbolo de status.
Os cravistas adotaram muito dos efeitos estilísticos dos alaudistas. Os acordes quebrados, cujos sons se sobrepunham e ressoavam juntos antes de diminuírem, no alaúde, foram transferidos imediatamente para o cravo. Os ornamentos feitos com o deslizamento do dedo se transformaram em apogeaturas prolongadas, associadas a peças delicadas. A elegância, ritmos desiguais, tão característicos da linguagem francesa e da poesia em particular, tornou-se um aspecto tão dominante da música francesa, que a fez reconhecível ao ouvido, mesmo que o compositor fosse desconhecido.
As decorações arquitetônicas elaboradas, os costumes suntuosos e excessivos, as maneiras ritualísticas da corte, tudo isto é encontrado na música, sob a forma de ornamentos delicados e quase sempre excessivamente abundantes. Os franceses eram mais aptos a escrever a ornamentação específica que os italianos, mas a desigualdade característica do ritmo francês, bem como a excessiva pontuação em peças vivas e enérgicas, era tomada por certa mesmo sem notação específica. Em seu livro, A Arte de tocar o Cravo, François Couperin escreveu que o intérprete devia aparentar naturalidade diante do instrumento, como se raramente se preocupasse com a técnica do que estava executando. Isto chama atenção para o fato de que, ainda que um grande cuidado devesse ser exercitado nesta música, ela deveria sempre aparentar como improvisadamente elegante.


A DESIGUALDADE
Os músicos que tocam música “popular”, incluindo jazz, blues, rock, entre outros, têm muitos costumes em comum com os músicos da era barroca. Eles improvisam, alteram ritmos e melodias livremente. Um costume importante é a prática de tocar desigualmente (longa-curta, longa-curta) notas que são escritas igualmente (duas colcheias, por exemplo). Este é o artifício que, originalmente deu ao jazz seu som dançante e relaxado, e aplicado a todos os tipos de música popular.
A quantidade exata de desigualdade depende do caráter ou estilo da peça, tanto quanto do andamento e capricho do intérprete. Esta é exatamente o tipo de coisa que não pode ser precisamente indicada na notação escrita.
As instruções escritas pelos músicos mais antigos provam que esta prática vem desde o final da Renascença. Embora não tenha nenhuma evidência de que tenha começado na França, a desigualdade se tornou, durante o período barroco, uma parte importante do estilo francês de performance. Em seu livro A Arte de tocar o Cravo, François Couperin escreveu: “Não tocamos nossa música como está escrita, mas pontuando as várias colcheias que se sucedem por graus conjuntos; contudo, as escrevemos em valores iguais”.
A desigualdade é algumas vezes, indicada na música barroca francesa por um sinal de ligadura sobre pares de notas que se movem numa escala. É dado como certo que outras notas numa escala, se estas são mais rápidas que a unidade de tempo, e se descem naturalmente por pares, devem ser tocadas desigualmente, mesmo se não estiver indicada na partitura. A desigualdade acrescenta grande elegância a muitas melodias de andamento moderado. No entanto, não é utilizada em andamentos muito rápidos, onde soaria furioso, frenético, nem em andamentos muito lentos, que soaria moroso, preguiçoso. Não é usada em peças onde há muitas figuras quebradas, saltos e notas repetidas, ou em passagens que contém grupos mistos de notas e pausas.
A quantidade de desigualdade a ser utilizada deve se estender de uma sutil, quase imperceptível diferença entre longo e curto, até um enérgico ritmo pontuado de colcheia e semicolcheia.

Compositores:
Louis Couperin (1626-1661): tio de François Couperin, sucedeu seu pai como organista em St. Gervais, em Paris. Ele e seus dois irmãos estudaram com o celebrado Chambonnières. Um de seus contemporâneos escreveu que sua execução ao cravo era “altamente considerada por pessoas instruídas, por causa dos acordes simples que ele enriquecia com bonitas dissonâncias, desenhos e imitações”.
Jacques Champion de Chambonnières (1602-1673): foi reconhecido pela “clareza e suavidade de seu toque ao cravo”. Foi um compositor e professor famoso e sua influência foi amplamente sentida. É conhecido como o fundador da escola francesa de compositores para cravo. Entre seus alunos destaca-se Louis Couperin.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764): foi famoso não só por suas obras para cravo, mas também como um compositor de ópera e música de câmara. Seus tratados teóricos sobre harmonia ajudaram a estabelecer o uso dos acordes maiores e menores de hoje.
Michel Corrette (1709-1795): foi organista e compositor do Colégio Jesuíta de Paris, em 1738. Compôs música para igreja, de câmara e para cravo solo, e também métodos para voz e vários instrumentos.
François Dieupart (1670-1740): foi um famoso cravista e violinista francês. Mudou-se para Londres em 1700 e foi, durante muitos anos “maestro al cembalo” (condutor-cravista) nas óperas de Handel.
François Couperin (1668-1733): parece ter vivido toda a sua vida em Paris. Era sobrinho de Louis Couperin, e foi o mais famoso de uma linhagem de músicos chamados Couperin. Seus contemporâneos o apelidaram de “O Grande”. Foi organista e cravista do “Rei Sol”, Luis XIV. Além de música de câmara e de igreja, escreveu quatro livros de peças para cravo e um importante livro sobre técnica e estilo, intitulado “A Arte de tocar o Cravo”, que é um dos mais importantes livros escritos por um grande músico da era barroca.

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